sábado, 16 de outubro de 2010

MORTINHA POR DECLARAR ,,,



Tudo no sentido retrógrado, contrariando o tempo, o esquecimento, ao som da musica, brindamos ao silencio, ao relento que é só nosso, o beijo e o abraço traduzidos num
E lá fora tudo continua igual... tudo reduzido à figura abstracta, como telhados semeados de pássaros esvoaçantes. E eu, tu e a nuvem negra que toldou a luz do dia.

Gotas d'água escorreram desse toldo, nem tu... nem eu ... só nós... e a chuva que não pára ... e a dança também não... a magia sim. Um rastro de realidade devolvido pelo vento define a linha ténue! Esvoaça a dança, aninham-se os pássaros. São beirais os telhados, semeia-se o querer!

Muito baixinho deslizo para uma imobilidade sem retorno;
aguardo ansiosa, não sei se o telefone ... quando souber digo!

E um carro parado, de cor azul, azul da cor do pó que a chuva lavou, continua parado … as janelas inertes, persianas corridas, meio abertas… meio fechadas, ou talvez não! Tem cor o pó? – É azul… e o relento também. Digo eu num diálogo a duas sombras… eu e tu e nos também e o vizinho do lado que chora baixinho, porque ela não volta.

Que temos nós a ver com isso? Eu também não, mas apeteceu-me, simplesmente porque sei lá…

É no ontem que vamos colher os momentos semeados e continuamos a dizer até amanhã, até logo, até depois e nunca até ontem… porque um amo-te implica um eu também… porque sim repito eu: porque sim…

E continuo por aí, desabitada de olhares vagos, recolhendo beijos deixados no tempo, prendendo abraços mesmo assim …



…na minha qualidade de imagem desenhada de irreal, que dedos tocam ao sabor da imaginação, é nesses afectos que me perco e encontro, para voltar a sumir diluída no fumo das palavras queimadas… que o pensamento queimou.


Transfiro-me definitivamente para o lado de acolá, sem nada a declarar. E em papel timbrado registo o abraço igual ao timbre, para que seja eterno enquanto dure … falo do abraço!


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