quinta-feira, 18 de novembro de 2010

MORTINHA POR IR ...

É manhã, desprendo-me de mim. Adormeço com palavras em forma de poema, acordo com palavras mudas, pensamentos com forma e sem vibração. 
É manhã, eu já cá não estou! É como se o dia viesse e me levasse para um sítio onde não quero estar. Logo à noite talvez regresse, … frágil, desamparada, inocente. Mas agora tenho de ir, infiltrar-me no mundo dos outros. Distribuir simpatias e sorrisos ensaiados. 
O meu mundo é a preto e branco e obrigam-me a afagar o arco-íris. Não quero pisar caminhos já trilhados, nem ser protagonista de uma história que morre de tédio terminal. Mas enquanto a noite não vem tenho de ir e sentir que estou a ser integrada acima das minhas possibilidades, camuflando uma louca ilusão… 
...a ilusão de que algures, num sitio a definir, secreto, em que é reservado o direito de admissão, exclusivo para pessoas que vivem a preto e branco… há lugar para mim. 

É dia e a vida não pára, continuam a nascer e a morrer pessoas. Pergunto se não terei morrido também, ou se sobrei apenas um bocadinho…

MORTINHA PELO TEMPO QUE HÁ-DE VIR ...



Altero os ponteiros do relógio, aleatoriamente, e engano o tempo. É pela hora alterada que me rejo! Não importa se é manhã e para mim já é tarde. Não importa se é noite e para mim já é amanhã. Por mim seria uma mulher parada num tempo que há-de vir. Enquanto não vem tento não dar por mim. Sei que sou complicada, nem o léxico me define. 
Tenho as mãos macias e a emoção inerte, vou deixando o meu perfume por aqui, por ali e mais além. Respiro o adeus como quem rejeita palavras de amor. Essas reservo-as, sem pressa, para as ouvir murmuradas, só para mim, num tempo que aguardo e há-de vir. Travarei, então, os ponteiros do relógio. 

E a chuva miudinha, num gesto altruísta, dissimula as lágrimas que teimam cair, pelo tempo que se perde à espera do tempo que desenfreadamente vai por aí e num desatino não chega ao tempo que aguardo. O tempo não assina contrato de retorno, não volta para trás. O tempo não tira bilhete de ida e volta, impedindo-me de o deter num passado que está ali, não muito distante daqui... 

Ponho a máscara do dia… gosto de mim depois das dez! Convida-me para jantar, desarruma os meus lençóis de linho, sem promessa de reencontro...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

MORTINHA POR ESTAR À SUA BEIRA...



Era véspera de outro dia, segredos de um sonho simplesmente largado. Estavas atento, meu amor do Norte. Abandono sem salvamento, mensagem por assinar. 
E tu pedias, com pronúncia do Norte –“ Vem para a minha beira…” 

Para mim, queixa censurada, tinha a lua para salvar. 

Vou morrendo baixinho, abraço-me bem, devagarinho… síndrome de quem espera tempo e escolhas num abraço. 
Onde estás, meu amor da outra margem? 
Quero-te tanto! Sussurro oprimido na pronúncia do Sul, quando te peço: 
-“ Vem para o pé de mim…”



MORTINHA POR SÁBADO À NOITE DEPOIS DAS DEZ …



A minha consciência é uma simpatia! Ali estávamos na figura impassível de duas figuras que se ignoram entre si. E ninguém perguntava nada e ninguém falava nada. 
Quebro o silêncio, curvo-me como uma vírgula e apanho os cacos. 
É nos ecos expelidos pela memória que a tua imagem acontece. Pensei ter motivo para chorar, mas não chorei. Apetecia-me gritar, mas primeiro tinha que arranjar o cabelo. 
Dificilmente encontrarei alguém que me queira como tu. Mais é possível, mas não me apetece! 
Rejeitar o que não se tem é no mínimo absurdo. 
Com ou sem flamingos o mundo continuará redondo, o meu animal preferido será sempre o burro ainda que tenha um gato na impossibilidade de ter um em casa. O burro que não tenho chama-se Lácio e mora pertinho da casa da praia. 
Sou como sou porque também me quero assim. 

Haja alguém que me queira para sábado à noite depois das dez …

sábado, 30 de outubro de 2010

MORTINHA POR FINGIR ...



Se eu não sei ser dia e o dia não me sabe ter, fixo-me na margem da noite. Invento fantasmas tristes e gritos a preto e branco, com laivos de ausente lucidez. Aprendo que o silêncio não tem cor, a saudade pintou-o de transparente. 
Vou gritando, por aí, risos em forma de pensamentos que devolvo a um desconhecido e desenho um coração em forma de ponto final. E é a isto que me entrego, desalinhada de respostas, sendo as perguntas salgadas, porque doeu o meu adeus, a quem não sabe ser triste. 
Oculto na sombra do vento, alguém me disse baixinho: fica comigo esta noite! – Não me lembro se fiquei…
 

E quando a saudade bate à porta, eu finjo-me de morta, para a saudade não entrar. E quando a solidão bate à porta, eu finjo-me de viva e deixo a solidão entrar...

sábado, 16 de outubro de 2010

MORTINHA POR DECLARAR ,,,



Tudo no sentido retrógrado, contrariando o tempo, o esquecimento, ao som da musica, brindamos ao silencio, ao relento que é só nosso, o beijo e o abraço traduzidos num
E lá fora tudo continua igual... tudo reduzido à figura abstracta, como telhados semeados de pássaros esvoaçantes. E eu, tu e a nuvem negra que toldou a luz do dia.

Gotas d'água escorreram desse toldo, nem tu... nem eu ... só nós... e a chuva que não pára ... e a dança também não... a magia sim. Um rastro de realidade devolvido pelo vento define a linha ténue! Esvoaça a dança, aninham-se os pássaros. São beirais os telhados, semeia-se o querer!

Muito baixinho deslizo para uma imobilidade sem retorno;
aguardo ansiosa, não sei se o telefone ... quando souber digo!

E um carro parado, de cor azul, azul da cor do pó que a chuva lavou, continua parado … as janelas inertes, persianas corridas, meio abertas… meio fechadas, ou talvez não! Tem cor o pó? – É azul… e o relento também. Digo eu num diálogo a duas sombras… eu e tu e nos também e o vizinho do lado que chora baixinho, porque ela não volta.

Que temos nós a ver com isso? Eu também não, mas apeteceu-me, simplesmente porque sei lá…

É no ontem que vamos colher os momentos semeados e continuamos a dizer até amanhã, até logo, até depois e nunca até ontem… porque um amo-te implica um eu também… porque sim repito eu: porque sim…

E continuo por aí, desabitada de olhares vagos, recolhendo beijos deixados no tempo, prendendo abraços mesmo assim …



…na minha qualidade de imagem desenhada de irreal, que dedos tocam ao sabor da imaginação, é nesses afectos que me perco e encontro, para voltar a sumir diluída no fumo das palavras queimadas… que o pensamento queimou.


Transfiro-me definitivamente para o lado de acolá, sem nada a declarar. E em papel timbrado registo o abraço igual ao timbre, para que seja eterno enquanto dure … falo do abraço!


MORTINHA POR DECIDIR ...



Não sei se compareci... se desapareci. Não sei muito bem de mim! Estou por aí e por aqui em parte alheia... não sei se me perdi... sinto que não estou aí, que queria que estivesses aqui e me esperasses e me dissesses as palavras que escuto aqui... num silencio que não ouvi. 

E se me esperares aí eu gosto, se me esperares aqui eu quero e ter-te comigo também... dizermos olá a este limite que não conheço... onde me perco ou desapareço … 
para me voltar a encontrar e vir ao encontro de ti... porque estejas onde estiveres, estás sempre no lado de lá de aí... 

Ainda é tão cedo e eu tão atrasada! Confirmo as estrelas através da janela de um luar qualquer. E eu estou tão alto e as estrelas estão mais alto, olho para baixo e vejo estrelas também, chamam-lhes luzes, mas são estrelas... só porque eu quero, só porque gosto e a elas lhes apetece também, porque as estrelas têm gosto e gostam de mim porque eu sei! 

Tenho de ir e imaginar-te à minha espera numa estação de comboios a definir, só para me dares um abraço...sem dizer nada... só para me veres chegar e eu ter a ilusão de que não me queres ver partir... até porque eu também não quero ir... 

Mas vou, depois regresso, não sei se a horas de mim! 
Estou de saída ou de partida, a mala feita anuncia... não sei se saia se parta...sei que quero regressar... não sei é para onde dirigir o regresso...se para o sítio para onde vou, se para o sítio de onde parto... Não sei, se sei, muito bem onde estou,... muito menos para onde vou... 

Chove lá fora baixinho... quero chover também! 

Não sei se parta se vá... quem me ajuda a decidir... Tenho um desejo … Se eu pudesse, simplesmente, ficar a ver-me partir... 

E tu no lado de lá… 

Darei notícias de mim, do regresso em suspenso. Darei o beijo que não te dei... e os que ficaram por dar. 
Levo comigo o que é meu... o abraço que me deste... e que eternizei em mim... Inventei-te numa estação... e é para lá que eu vou... 

Gosto, assim, em doses suaves, de sítios, … pessoas,... … luares e algures; de ti... inventado por mim!

sábado, 9 de outubro de 2010

MORTINHA POR RESPONDER ...




Meu querido …

Ainda há pouco estive a falar consigo e aqui estou novamente para lhe falar.
Eu disse-lhe que sou uma pessoa limitada, porque não consigo “suportar demasiada realidade”.
 Pediu-me que lhe escrevesse e estou a fazê-lo. Difícil é decidir como começar e o que dizer. Parto de uma premissa: tudo o que dissemos um ao outro é verdade. Ainda que mais não seja pertence, no mínimo, ao domínio da verdade contido nas palavras, entendendo estas como podendo ou não descrever a realidade dos factos. Isto é, as palavras ditas valem como ou pela realidade que contêm. Logo eu acredito naquilo que ouvi. . . No fundo, porque estou consciente das dificuldades inerentes a todos os tipos de relações interpessoais, vivo,  “a tensão agónica entre a busca de segurança afectiva e de liberdade pessoal e poética”. Eu preciso de afecto – estou a morrer de vontade de ser amada – mas não consigo prescindir da minha liberdade pessoal. Por isso não ousei falar em compromisso (embora quisesse), em relação estável (eu queria) em… eu falei apenas em viver uma história de amor, pois toda a gente sabe que é próprio de uma história ter um princípio, um meio e um fim (por muito que custe).
Disto tudo, fique o que ficar, aconteça o que acontecer, registarei para sempre que um homem desconhecido, por um momento, me incluiu na sua vida e no seu futuro com o objectivo de me fazer feliz. E é tudo, meu querido, estou aqui, estou a chorar. De qualquer modo tenho-o sempre a si. Como diziam os outros no filme Casablanca, “teremos sempre Paris”.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

MORTINHA POR PROSSEGUIR ...


 



Três meses foram quanto durou a magia da tua ausência.
Eu sei que não é fácil resistir à tentação de me resistir. Mas há sempre que ter o cuidado de não vulgarizar uma situação por dá cá aquela palha.
E agora que faço contigo se não te quero! - E para que te quereria se não ficou nada por dar ou receber? – Acabámos e até acabamos bem! Fizemos amor, jantámos e despedimo-nos com um beijo. Isso é acabar bem! Agora o que faço contigo se não me apetece sequer ver, ouvir-te, saber que existes. Não me maces, eu sou bem resolvida. Achei lindo teres aparecido do nada e teres desaparecido no nada. Todos os nossos momentos foram bons. Não bastou para ti. Tens de me ouvir dizer que não quero mais nada contigo. Ridículo, ridículo e banal. Só espero que não te atires para o chão a espernear enquanto gritas, não me deixes, não me deixes. Seria o cúmulo. Mas com a desilusão do teu reaparecimento já espero tudo.
Todos somos descartáveis, eu própria! Temos de saber lidar com esse estatuto. Sermos receptivos a emoções novas.
Deus me livre projectar-me numa pessoa para todo o sempre. Eu quero andar de nenúfar em nenúfar, tendo sempre o cuidado de não o ver murchar. Mais tarde, se por acaso o recordar, é uma imagem bonita que ficou retida.
Fazer amor, jantar à luz das velas, um beijo na despedida…
Isso é acabar bem! Não me maces, meu amor …

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

MORTINHA POR UM MOMENTO ASSIM ...










Há momentos assim … que acontecem sem saber porquê! 

Em que se dizem coisas lindas, sem sentido ... 

válidas para o momento em que se dizem… 

Podem não acontecer mais momentos. 

E há amores assim … que acontecem sem hora marcada! 

Em que se gosta na medida certa … 

E em que a entrega é desmedida. 

Há momentos assim … tranquilos, sem a ansiedade de outros. 

Sem que seja nulo o desejo de que voltem a acontecer! 

Há amores assim sem os nossos sítios, sem a nossa música … 

Mas é nossa a lua! 

E há uma voz que pede baixinho … “quando vires a lua lembra-te de mim !” 

Há amores assim … feitos de abraços … 

E há momentos assim … 

Em que me permiti ser a outra … 

Que importa... 

...Também já estava farta de mim !!!





quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Mortinha por ser infiel ...




Se eu te trair, é porque já não estás meu amor.
Enquanto fores reservo para ti tudo de mim.
Depois não prometo, porque também me quero assim.
E se não estiveres, eu gosto, porque querer não é ter
e eu só tenho, porque espero.
Não te dês , para não nos perdermos
e sermos felizes na carência do demais
que não tivemos e restou.
E se algum dia me recordares, meu amor,
por algo que não aconteceu,
lembra que pelo mesmo motivo, também eu te recordo.
Uma história com final feliz.
Não demos oportunidade ao tédio, ao anular o que de bom aconteceu.
Porque só nos ficamos pelo desejo e isso é acabar bem.
E se eu te trair meu amor, é porque não te tive!
Fiquei só pelo querer e o meu amor será eterno…
nunca a minha fidelidade.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Mortinha pela hora dos risos ...



Não moro em Jaçanã, não tenho o comboio das onze para apanhar. Fico por aqui, com todas as madrugadas que uma noite possa conter, só para mim. Acendo uma vela, num ritual de corpo ausente, como quem espera alguém que partiu ou que simplesmente se limitou a não regressar. As pessoas afastam-se para pensar. Algumas voltam, outras nunca vão voltar. 
Nem sequer estou triste! Por muito respeito que as minhas lágrimas me mereçam, respeito mais o meu riso. 
Não quero ter saudades, nem de mim. Quero-me de sorriso espontâneo e cultivar em mim os melhores sentimentos , temo que só tenha desenvolvido o desinteresse. Queria também perder a memória afectiva, ser amnésica em relação aos afectos. Não acreditar no impossível das palavras, amarrotá-las e lançá-las na imensidão profunda da madrugada. Dar oportunidade à hora dos risos. Madrugada que se preze tem a embriagante hora dos risos, onde tudo flutua ao som daquela musica de eleição que nos faz desejar viver mil anos, que nos faz desejar morrer assim que termina. 
Não moro em Jaçanã, não tenho o comboio das onze para apanhar, não tenho ninguém com o sono em suspenso à minha espera. Tenho palavras para amarrotar, uma vela para acender e a madrugada para me embalar…
 

Mortinha por contar um momento mágico em Aveiro...




Dá-me a travadinha e lá vou eu armada de expectativas e bagagens (mas poucas), com hotel marcado, rumo a Aveiro. Sítio onde não conheço rigorosamente ninguém mas com a sensação absurda de que tenho lá alguém à minha espera. Claro que não tenho nem à chegada nem à despedida. O que é óptimo para quem não gosta de despedidas. Não é o meu caso, adoro despedidas, choro e tudo. É um hábito saloio que me ficou de infância.
Fica sempre bem dizer que Aveiro é lindíssimo. Eu digo. Tem a ria e tem pessoas muito simpáticas.
Como não tinha cicerone e ficar fechada num quarto de hotel não era o objectivo, há que me meter por ruas e ruelas até me perder. Decorei o caminho do Fórum ao hotel, depois bastava perguntar a alguém onde era o Fórum e assunto resolvido. Calho a perguntar a uma senhora, que não só fez questão de me levar lá, como me acompanhou num café. Trocamos telefones e tudo, sabendo que ninguém ia telefonar a ninguém. O que teríamos para dizer? – Eu tenho, ( um pormenor à parte, estou a escrever isto enquanto aguardo o comboio, com uma caneta que roubei, literalmente, no hotel. Resultado está a ficar sem tinta…), só que não sei como (falo da srª), valorizei tanto a atitude que a palavra obrigado não tem significado. Há um gesto ( o raio da caneta continua a falhar) nos jovens, que é bater no peito com a mão fechada, enquanto dizem:-“ Mano, tás aqui…”- É o que me apetece fazer.
Atenção não foi este o momento mágico. Mas como “só” já faltam duas horas para o comboio, tenho muito tempo para falar dele.
Outro péssimo hábito que me ficou sei lá de onde, é nunca querer saber o horário dos comboios de regresso a casa. Depois acontece-me isto, estou numa estação enorme, rigorosamente sozinha. Excepto quando um altifalante anuncia a atenção á passagem de uma circulação sem paragem, na linha numero um. Por acaso até nem foi isto que anunciou, mas sempre me apeteceu registar esta frase.
Vou fazer uma pausa para tomar um café. Não sei bem onde, Aveiro pára aos domingos. Já volto.
Voltei. Faltam trinta minutos para a chegada do dito. Vou contar o meu momento mágico.
Deixo o hotel às nove da manhã sensivelmente, deserta por repor os meus níveis de cafeína no sangue. Já referi que Aveiro pára aos domingos. Tentar tomar um simples café é uma aventura labiríntica.
Lá descubro uma esplanada fantástica e deserta. Escolho uma mesa sob uma árvore. É-me servido o café duplo e sempre escaldado. Acompanho com o meu cigarro “ Black Devil”.

Agora o momento. A manhã estava cinzenta. E de repente, não mais que de repente, surgida do nada, uma figura vestida de preto, começa a tocar violino. O meu instrumento musical preferido. Uma música linda. É de perder a respiração.
Fecho os olhos para não perturbar o momento. Permaneço imóvel enquanto um desconhecido toca só para mim. Tenho de perturbar o momento e fixo os olhos nos olhos que me fixam e ali ficamos, indeterminadamente, numa sintonia muda.
Quebro a magia, eu tenho de lhe dar o pagamento justo pelo serviço prestado. Não é uma esmola. Quando pego na carteira ele vira-me as costas e afasta-se e sem parar de tocar desaparece.
Absorvo aquele momento lindo. Ele o violonista vestido de preto passou a um nível superior, comparável ao livro inverso do menos bom, (esta frase só faz sentido para quem sabe que eu costumo dizer, que até à data ainda não conheci ninguém, que se comparasse sequer a um livro menos bom).
A felicidade é um somatório de momentos felizes. Graças a ele tenho a adicionar mais um momento.
Muito obrigado meu querido! Para ti o meu abraço sólido…

O comboio está quase a chegar. A estação já não está deserta. Eu sim. Sem ninguém para me despedir.
Congratulo-me com o facto dos comboios actuais não terem janelas de abrir, senão, ainda que não tivesse ninguém a quem acenar, já me estou a imaginar debruçada num Adeus interminável e debulhada em lágrimas.
É eu sou assim…, gosto de despedidas. E choro a caminho de casa e em casa, como se tivesse perdido alguém que nunca tive…